terça-feira, 28 de setembro de 2010

Em homenagem a Vergílio Ferreira II

Escrevo na doçura de um beijo,
Na meiguice do olhar dos outros,
Nos comoventes espaços silenciosos
Das palavras ditas e não ditas.

Registo, em pormenor, o Tudo e o Nada
No seio do grito Universal do Pensamento
Que se move nos interstícios da Terra
Que rodopia, em torno do seu próprio
Círculo, sempre aberto, sempre redondo.

Entrevejo, ao longe, a invisibilidade dos seres
Encerrados nos seus casulos, emaranhados
Nas mais finas teias, caminhantes, suaves
E leves, de todos os caminhos paralelos
Que a tragicidade existencial chamam
E manifestam.

Vivo no Universo insólito de um mundo sonhado.
Da realidade terrena se afasta.
Ergue-se para os límpidos céus,
Para a harmonia musical das esferas divinas,
Sempre perfeitas,
Para a singeleza do cosmos dos Anjos,
Guardiões das Consciências apoquentadas,
Auditores dos pensamentos inconscientes,
Mensageiros dos insondáveis segredos
Das mentes altruístas, que aí estão
Na face eterna do Mistério do Mundo.

Isabel Rosete

sábado, 11 de setembro de 2010

Em homenagem a Vergílio Ferreira I

Escrevo até à exaustão do sentir. Em cada noite que permaneço em estado de alerta, acompanham-me as Estrelas, a Lua, a Chuva, as Tempestades, o Silêncio que a Paz me traz e a lucidez do meu Espírito engrandece. As palavras sempre fluem… soltas, dispersas ou conjugadas.
O sono teima em não chegar perante essa ânsia incontrolável do pensamento que quer ser dito, da voz que se quer erguer no sossego dos orbes celestes.
Tudo é fonte de inspiração. Tudo impele ao mais simples e singelo acto do Dizer. Todo o pensado deve ser dito! Tem que ser dito!
O pensamento comanda a mão que, tremulamente, escreve. Um pensamento redondo que, jamais, se quer conter no seio dos limites esferoidais da circunferência que o envolve. As ideias rodopiam. Tornam-se visíveis. Mostram-se ao Mundo.
O meu pensamento não quer calar mais a sua voz. Grita, expande-se, exterioriza-se. Com outros pensamentos pretende entrecruzar-se e recolher a mais nobre seiva de outras mentes, monadologicamente conjugadas, com portas e janelas viradas para o Aberto do esplendor da Criação.
O Pensamento é a mais singular das lentes de observação do Mundo. Em si mesmo, todos os pormenores pode acolher. Dentro de si, todas as essências pode recolher.
Sem limites, navega, o meu pensamento. Sempre na inquietação de percorrer todos os mundos possíveis, determinado por um sentido universal e universalizante. Quer abarcar o Todo, sem deixar nada de fora.
Aos insondáveis mistérios se dirige com uma curiosidade infinita. Os segredos do Universo quer desvendar, não para o manipular, mas para o salvaguardar da escassa originariedade que ainda lhe resta.
Não se desfaz no quebrar das ondas, nem na alternância das marés. Permanece, aí, convicto da sua missão: observar e dizer o Mundo, ritmicamente, sem má fé, sem pré-conceitos. Com racionalidade, sensatez e originalidade.
Tudo dentro de mim. Nada fora de mim. Eis o lema que, sempre, me persegue. É megalómano? Sem dúvida… quiçá… também…! Não sei…!

Isabel Rosete
Pensamentos Dispersos
16/01/08